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por_ Chris Fuscaldo do_ Rio
Beth Carvalho
foto_ Ivan Klingen

Beth Carvalho,uma vida autogravada

Beth Carvalho passou a vida registrando em vídeos os principais acontecimentos segundo sua própria avaliação. Esses trechos de filme viraram matéria-prima para um documentário que chegou aos cinemas em fevereiro. Em “Andança – Os Encontros e as Memórias de Beth Carvalho”, a Madrinha do Samba – apelidada assim por ter tirado muitos artistas do anonimato – aparece junto a sambistas tradicionais, entre eles Nelson Cavaquinho, Almir Guineto, Zeca Pagodinho, Arlindo Cruz, Luiz Carlos da Vila e os músicos do grupo Fundo de Quintal. Uma das cenas mais surpreendentes mostra Cartola apresentando composições como “As Rosas Não Falam” e “O Mundo é Um Moinho” para Beth escolher a que queria gravar. A direção é do cineasta Pedro Bronz, que, pouco antes da morte da cantora, lhe propôs transformar o seu acervo de mais de 800 fitas VHS – mais de 2 mil horas de memórias – em documentário. Ela aprovou o projeto.

“Começamos junto com a Beth em 2018, ela estava viva ainda... Então, são cinco anos preparando esse filme. Nos primeiros dois anos, fizemos um trabalho de restauro, digitalização e transcrição das fitas. Depois, veio a produção. Ao longo do processo, a gente ia vendo o material e ficando muito abobado com a importância histórica dele. A grande questão do processo foi a escolha e uma montagem que não fosse só uma colagem, mas tivesse fluxo narrativo, curvas de emoção, tudo que um bom filme precisa ter para emocionar e informar também”, conta Pedro Bronz.

Nando, Sebastião e o amor guardado

Nando Reis celebrou o aniversário de 60 anos relançando o seu primeiro álbum solo, “12 de Janeiro”, e dando um presentão para seu filho Sebastião e os parceiros dele na banda Colomy. O trio Sebastião Reis (voz e violão), Pedro Lipa (voz e guitarra) e Eduardo Schuler (bateria) regravou o hit “Pra Você Guardei o Amor”, com Nando cantando junto ao filho e a Lipa e tocando violão. Gravada no estúdio Dá Pá Virada em 2022, com produção de Pupillo e Felipe Cambraia, a canção ganhou pela primeira vez três vozes masculinas, além de um arranjo baseado nos violões do pai e do filho. Agregam ao som ainda o baixo de Felipe Cambraia, a guitarra de Walter Vilaça e os teclados de Alex Veley. A faixa é uma das regravações do projeto Nando Hits, que saiu pouco antes de a Colomy lançar seu primeiro álbum, previsto para o primeiro semestre deste ano:

“Meu pai me disse que sempre imaginou essa canção sendo cantada por três vozes masculinas. Ele me contou que, quando escreveu, veio esse tipo de arranjo na cabeça. E a Colomy é uma banda que procura trabalhar bem os vocais, temos isso no DNA. Ele quis as vozes minha e do Lipa para cantar com a dele”, conta Sebastião, que vem aprendendo muito com Nando enquanto o acompanha nos palcos: “Meu pai é um cara muito experiente, já viveu muita coisa. Aprendi com ele a importância do amor, do respeito e do trabalho.”

Nando Reis
foto_ Carol Siqueira
Beatrice Mason
foto_ divulgação

Beatrice Mason,visão própria sobre clássicos americanos

Blues clássico de Kris Kristofferson e Fred Foster eternizado por Janis Joplin, “Me and Bobby Macgee” ganhou uma nova voz, doce e também potente, só que brasileira. A faixa faz parte do EP “Lost & Found”, da cantora Beatrice Mason, que traz outras quatro pérolas da música americana: “You’re Gonna Make Me Lonesome When You Go”, de Bob Dylan; “Like a Hurricane”, de Neil Young; “Rosemary”, de Suzanne Vega; e “It’s Too Late”, de Carole King e Toni Stern. O álbum é todo baseado em violões de João Arruda e Pedro Braga, este último também diretor musical.

“Procurando no baú de ‘Lost & Found’, encontrei canções que estimulam memórias afetivas, auditivas e sensoriais. Minha viagem musical no tempo se deu a partir de novas roupagens, arranjos e releituras dessas canções atemporais, tão enraizadas no cancioneiro popular quanto seus eternos autores”, explica Beatrice Mason.

Zeca e Chico,como no início

Chico César e Zeca Baleiro lançaram single duplo “Verão + Beije-me Antes”, mas a sensação do momento foi o lançamento do lyric video da faixa “Verão”. No clipe, depois de toda a letra vem uma ilustração dos dois nus no momento em que eles cantam “Por isso eu tô nu” (logo após o verso “Eu não tenho roupa pra esse verão”).

“Chico e eu somos amigos há 32 anos. Foi um dos primeiros caras da música que conheci quando cheguei a São Paulo. Este disco que estamos fazendo aos poucos é um reencontro, uma retomada da parceria, causada muito em parte pelo isolamento durante a pandemia, quando fizemos mais de 20 músicas. Então, sim, resolvemos ficar nus como no início, quando não tínhamos muita coisa, apenas música, poesia e muitos sonhos”, explica Zeca.

O clipe tem direção criativa de Rafael Rodrigues e motion designer de Lívia Aprá, e é todo baseado na ilustração que Marcos Farias fez para a capa do single duplo. O objetivo da dupla é lançar um álbum ainda este ano, jogando nas plataformas digitais as faixas, de duas em duas. A primeira dupla, “Lovers” e “Respira”, foi disponibilizada em maio de 2021 pelo Chita e pelo Saravá, selos de Chico e de Zeca respectivamente.

Chico César e Zeca Baleiro
arte_ Marco Faria
Gabi Doti
foto_ João P Teles

Gabi Doti,entre dois polos

Nascida no Uruguai e radicada em Brasília, Gabi Doti gravou nos Estados Unidos seu novo trabalho. “A música desse projeto é essencialmente música pop contemporânea: passeia pelo lounge, pelo disco, pelo rock, e a sonoridade tem elementos da música brasileira e da música latino-americana”, adianta a cantora.

“Outra Razão” reúne nove faixas compostas por ela e produzidas por Moogie Canazio em seu estúdio East West Recording, em Los Angeles. O lançamento mais recente foi o do videoclipe “Nonsense”, no qual Gabi Doti vive duas personagens com personalidades distintas, oscilando entre o deserto e o concreto, a luz e a sombra, alternando figurinos steampunk-rock-futurista e romântico-retrô: manipulação, poder e sarcasmo de um lado; vulnerabilidade, subserviência e insegurança do outro.

Quarta faixa de “Outra Razão”, “Nonsense” é um pop-rock com direção musical e sintetizadores do brasiliense Daniel Baker. O guitarrista Tim Pierce, o percussionista cubano Rafa Padilla, o atual baterista do Tears for Fears, Jamie Wollam, e o baixista Sean Hurley integram o time que gravou o disco.

Alceu Valençaregrava sucesso de 1985

Às vésperas do carnaval deste ano, Alceu Valença começou a fazer festa, claro, em suas redes, anunciando uma nova versão de “Estação da Luz”. A canção foi lançada por ele no álbum de mesmo nome, em 1985, e virou um dos grandes sucessos de seu repertório. A nova leitura, em ritmo de frevo, ganhou dinâmica carnavalesca, com divisões sincopadas e contratempos típicos do mais emblemático gênero da folia pernambucana. Gravada nos estúdios Somax (Recife) e Tambor (Rio), a música tem arranjos assinados pelos maestros Tovinho e Duda e produção de Tovinho.

A letra da canção conta com três estrofes, sendo as duas primeiras de cinco versos, e a última, de sete. Ela traz referências a elementos pernambucanos poeticamente. Os “azuis” que ele cita são as cores do pintor Carlos Pena Filho. Conhecido como “o poeta do azul”, ele viajou através de suas telas, projetando estas imagens em um Brasil mestiço. O álbum de 1985 destacou o mundo das artes plásticas, a começar pela capa, assinada pelo pintor pernambucano Wellington Virgolino, que realiza o desejo de Alceu de associar o disco à pintura e à poesia. Nela, Virgolino vestiu Valença como o governador holandês Maurício de Nassau.

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Relembre a noite de festa para Alceu, Prêmio UBC 2022

Alceu Valença
foto_ Leo Aversa
Priscila Gama
foto_ Kamila Ataíde - André Sidarta

Priscila Gama:harpa e voz

Radicada na Itália, Priscila Gama faz um trabalho único com a harpa barroca entre músicos brasileiros. Mesclando nossa cultura popular a referências eruditas, a pernambucana lança agora “Amelinda”, seu primeiro EP, no qual homenageia Marielle Franco e Ágatha Félix. Autora das cinco faixas do EP – uma delas em parceria com André Felipe Lemos Santana –, Priscila ainda canta suas reflexões intimistas, não se privando de salpicar conotação política e social nas canções. Temas como imigração e impactos da pandemia estão em seu trabalho. A dor pelos assassinatos da vereadora Marielle Franco, em março de 2018, e de Ágatha Félix, de 8 anos, baleada ao lado da mãe quando voltavam para casa, está nas faixas “Presente” e “A Bala e a Gata”, respectivamente.

“Temas políticos mexem muito comigo. Sempre reflito sobre a nossa responsabilidade sobre isso, a parte que nos cabe enquanto aliados de causas importantes”, reflete Priscila Gama.

“Amelinda” foi gravado no Conservatório Pernambucano de Música com arranjos assinados por ela, alguns com colaborações das instrumentistas convidadas, todas mulheres: Karol Maciel (sanfona), Laís de Assis (viola de 10 cordas), Cynara Casé (baixolão) e Tainá Menezes (percussão).

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“Amelinda”, na íntegra, nas principais plataformas de streaming

Pabllo Vittar, renascida da crise

Depois de um período de crise pós-pandemia, Pabllo Vittar não estava inspirada para um novo álbum. No entanto, foi só cuidar da mente e voltar a frequentar a noite que as ideias passaram a circular de novo. A cantora se isolou com o coletivo Brabo – que a acompanha desde o início de sua carreira – em um sítio no interior de São Paulo e produziu “Noitada”, no qual fala sobre sexo mais abertamente.

"Todos os meus álbuns são para a família ouvir, tocam em qualquer lugar. Por mais que tenha algum duplo sentido, não é nada muito [escandaloso]. Neste álbum, já estou bem mais explícita, falando as verdades de como estou me sentindo", disse ao diário Folha de S. Paulo.

“Noitada” se aproxima mais do funk e conta com participações de MC Carol (em “Descontrolada"), de Gloria Groove (em “Ameianoite"), de MC Tchelinho e dos DJs Tonias e Ramemes, além de Ruxell, coprodutor de diversas faixas do álbum. Expoente do pagode baiano de paredão, Kannalha canta em "Penetra". Anitta é a convidada especial em "Balinha de Coração" e também em "Calma Amiga”.

Pablo Vitar
foto_ divulgação
Pato Fu
foto_ divulgação

Pato Fu: um álbum para celebrar as três décadas

Num piscar de olhos, passaram-se 30 anos desde quando o Pato Fu apareceu surpreendendo a todos com sua irreverência. Apesar de as aparências continuarem as mesmas, seus integrantes amadureceram sem deixar de lado o bom humor. E o aniversário celebrado no segundo semestre de 2022 ganha um álbum que está sendo lançado pouco a pouco nas plataformas digitais. “A ideia é que a gente fique fazendo aniversário o ano inteiro, comemorando com pequenos lançamentos, dando combustível para o fogo dos fãs”, disse John Ulhoa ao Portal Uai.

“A Besta”, “Curral Mal Assombrado” e “No Silêncio” ficaram conhecidas ainda no ano passado. Fernanda Takai declarou, na época: “A nossa música sempre refletiu nossas sensações, nossa cidadania. A música não pode ser só entretenimento, só fruição. Os textos das canções são importantes para nos posicionarmos. Vai ser uma Pollaroid desse nosso tempo, para as pessoas entenderem onde estamos e qual é a nossa posição.”

Em 2023, chegaram as faixas “Fique Onde Eu Possa Ver”, “Regresso” e “Silenciador”, que que falam de amizade, autoconhecimento e fé. Fernanda Takai, John Ulhoa, Ricardo Koctus, Xande Tamietti e Richard Neves ainda apresentarão ao mundo, em março, as três faixas que completarão o disco, e que o público ainda não sabe sobre o que vai ser.

DJ MAM,pela causa indígena

“Demarcação Já!” é o nome do álbum idealizado pelo DJ Mam, e que foi lançado pouco a pouco nas plataformas digitais, através de singles, com a participação de 57 artistas. Composta por Chico César e Carlos Rennó, a faixa “Demarcação Já!” ganhou várias versões, cada uma com um grupo de grandes nomes da música, entre eles Gilberto Gil, Margareth Menezes (a atual ministra da Cultura), Sônia Guajajara (a ministra dos Povos Indígenas), BaianaSystem, Ney Matogrosso, Criolo, Céu, DigitalDubs e outros. O objetivo é expandir o ativismo à causa indígena e ambiental defendida pelo Greenpeace, pelo Instituto Socioambiental e pela ONG Bem-te-vi Diversidade. Parceria de Chico e Rennó com o guarani Antonio Wera Tupã, o jazz fusion “Deixa o Índio Lá” reúne todos os artistas do álbum.

“Fiquei muito emocionado com o desdobramento do projeto, que já nasceu lindo pelas mentes brilhantes do Carlos Rennó e Chico César, quando compuseram ‘Demarcação Já!’. Quando assumi os remixes e os transformei num festival de música, artes visuais e ativismo, foi natural termos uma conferência que abraçasse essa causa tão urgente que é a demarcação das terras indígenas. Na edição que chamou a atenção para a Amazônia, e foi a nossa primeira presencial, em setembro de 2021, sugeri uma reparação histórica à Prefeitura do Rio de Janeiro. Sentimo-nos parte da criação de referências para a política pública”, diz Mam.

DJ MAM
foto_ divulgação
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