MÚ ECAETANO
Em 7 de agosto, Caetano Veloso vai completar 80 anos. Quando tinha trinta e poucos, sugeriu a quatro meninos que estavam formando uma banda que utilizassem o nome A Cor do Som. Não só: o baiano entregou a eles composições para serem gravadas: "Beleza Pura", lançada no álbum "Frutificar", em 1979; e "Menino Deus", que está em "Magia Tropical", de 1982. Um desses rapazes era Mú Carvalho, que, além de grande tecladista, virou um dos maiores produtores de trilha sonora do Brasil. Paralelamente ao trabalho como trilheiro e aos projetos que divide com o irmão Dadi Carvalho, Armandinho, Gustavo Schroeter e Ary Dias em A Cor do Som, Mú separou um tempinho para celebrar as oito décadas de vida de Caetano e o legado deste que é um dos seus padrinhos musicais, regravando clássicos de seu repertório no álbum “Trem das Cores - Mú Carvalho interpreta Caetano Veloso”.
“Nesse álbum, incluí coisas lindas do Caetano para as quais eu fiz arranjos. Levei para um terreno progressivo, com muito teclado, e convidei músicos incríveis tocando comigo, entre eles Jacques Morelenbaum e os que gravaram comigo meu disco anterior”, conta Mú.
IVETEE AGNES
Depois de lançar singles com Carlinhos Brown (“Mexe a Cabeça”), Gloria Groove (“Onda Poderosa”) e Vanessa da Mata (“Tudo Bateu”) para a série documental “Onda Boa com Ivete”, Ivete Sangalo lança uma faixa com a cantora e compositora baiana Agnes Nunes, de 19 anos, que por sua vez acaba de apresentar seu primeiro álbum, “Menina Mulher”. “Tudo Vai Dar Certo” é uma balada soul composta por Ivete em parceria com Gigi, Samir Trindade e Radamés Venâncio. A gravação é parte da programação do documentário que já está em cartaz na HBO Max e mostra o processo criativo da cantora.
Produzido por Neobeats e Alexandre Kassin, “Menina Mulher” é a plataforma para Agnes Nunes expor episódios pessoais como aceitação de seu cabelo crespo, autoestima e amor próprio. Mistura de MPB, jazz, r&b e pop, as dez faixas falam sobre o amadurecimento da cantora e compositora, que tem mais de 1,3 milhões de ouvintes mensais no Spotify, quase 700 mil inscritos no seu canal no YouTube e 2,6 milhões de seguidores no Instagram.
CHINAINA:CARNAVAL DEFREVO E HARDCORE
Pelo terceiro ano consecutivo, não houve um carnaval como tal no Brasil. Mas pernambucano que se preze é criativo e dá um jeito de não deixar a festa passar em branco. Chinaina, por exemplo, aproveitou o calor para lançar seu novo EP, “Carnaval da Vingança”, totalmente inspirado por suas vivências nas festas de Olinda, sua cidade natal.
“Foi tudo gravado de forma remota, uma das experiências mais loucas da minha vida! Graças à tecnologia consegui produzir esse trabalho à distância”, afirma China.
O repertório mescla músicas inéditas e regravações de duas de suas composições mais conhecidas: lançada em 1999 e sucesso da Sheik Tosado, primeira banda de China (como assinava até há pouco tempo), “Hardcore Brasileiro” foi regravada com uma orquestra de frevo comandada pelo maestro Nilsinho Amarante, sem perder o peso do rock; sucesso de 2003 na leitura da Mombojó, “Deixe-se Acreditar”, da qual China é coautor, virou uma frevo tendo o vocalista da banda, Felipe S, como convidado.
Abrindo o EP, “Carnaval Infinito” é um samba-reggae escrito em parceria com a multi-instrumentista Michelle Abu. Encerrando o álbum, o segundo harcore em ritmo de frevo, “Virando Papangú”, tem participação de Cannibal, vocalista da lendária banda Devotos.
ÁUREA MARTINS,RENOVAÇÃO AOS81 ANOS
A dama do samba-canção carioca Áurea Martins acaba de lançar o álbum “Senhora das Folhas”, no qual explora novas sonoridades, flerta com o mundo do hip hop e registra cantos de rezadeiras, benzedeiras e curandeiras. Com 11 músicas e produção de Renata Grecco, o trabalho inclui “Araruna”, faixa na qual Áurea interpreta o poema “Vó Madeira”, de Julie Dorrico (poeta da etnia Macuxi), sobre canto da etnia Parakanã. A piscadela de Áurea, 81 anos, ao hip hop vem com a bonita regravação de “A Rezadeira”, canção que o rapper paulistano Projota lançou no álbum “Foco, Força e Fé”, de 2014.
JULIA VARGAS,AGORA
“Tu” é o segundo pronome pessoal e também o nome do novo single lançado por Julia Vargas. Uma composição da cantora em parceria com o irmão André Vargas, a faixa abre alas para a chegada de seu terceiro álbum, “D’água”, previsto para 2020, mas adiado. Com produção de Gui Marques, “Tu” parte de uma sonoridade contemporânea, com sintetizadores, texturas e efeitos, proporcionados pela banda formada por João Bittencourt (teclado), Gabriel Barbosa (bateria), Marcos Luz (baixo), além do próprio Gui Marques (sintetizador e efeitos). “Tu” é uma das cinco músicas autorais do álbum que será lançado com onze faixas e a participação de Roberta Sá na música “Sinceramente”, composta por Krhystal e Moyseis Marques.
ERASMOE O FUTURO
Prestes a completar 81 anos de idade – e aos 62 de carreira – Erasmo Carlos lança seu 33º álbum. “O Futuro Pertence À... Jovem Guarda” reúne oito releituras de sucessos que ficaram conhecidos na voz de outros cantores da época em que ele começou no rock, a maioria delas daquele tempo depois batizado de Jovem Guarda.
“Tivemos que selecionar só oito músicas entre as tantas que marcaram aquela época. O critério foi o nível do sucesso. São músicas de que eu gosto, que eu sempre ouvi os outros cantarem mas que eu nunca tinha gravado. Ao cantá-las, vi a força delas”, afirma o artista, que, em entrevista recente à UBC, confirmou: deve lançar um álbum de inéditas dentro de dois anos, e não descarta inclusive novas parcerias com Roberto Carlos.
DETONAUTAS:MAIS ESPERANÇAS
Um ano depois de lançar um disco totalmente voltado para a crítica político-social, o “Álbum Laranja”, Detonautas volta propondo mais leveza no novo trabalho. “Esperança” é o nome do álbum, cuja capa é verde e traz o inseto desenhado, e que já começa romântico com a faixa “Tudo Pode Acontecer”. Com produção de Marcelo Sussekind e participação de Frejat na canção "Medo" – um poema de Bráulio Bessa –, o novo trabalho da banda carioca conta com oito faixas mais no estilo balada. “Livre para Voar” é uma delas.
”O álbum ‘Esperança’ foi feito no período entre março e agosto de 2020, com confinamento, incerteza, insegurança, sentimentos intensos… A gente encontrou na música uma maneira de buscar refúgio. O álbum mostra uma vitalidade muito forte de sentimentos, e uma atemporalidade, porque não ficou datado. O nome traz embutido um sentimento de que daqui a pouco as coisas vão voltar pra uma nova forma de se ver o mundo”, crê Tico Santa Cruz, líder da banda.
DUDA BEATDE OLHO NAS PISTAS
Duda Beat pediu licença à programação normal, de divulgação do álbum “Te Amo Lá Fora”, lançado ano passado, e apareceu nas plataformas digitais com um novo single, a animada “Dar uma Deitchada”. Uma parceria de Duda com os produtores Lux Ferreira e Tomás Tróia, a composição traz na letra escrita pela cantora as vivências de seu universo feminino. “Me olhei no espelho, tô gostosa e cansada / Enquanto tu tá saindo, eu vou dar uma descansada”, canta Duda Beat acompanhada pelos vocais de Camila de Alexandre e Luiz de Alexandre. Com o objetivo de alcançar as pistas neste verão, a faixa tem arranjo dos produtores Lux & Tróia.
GUILHERME SCHWAB,NOVA ERA
Depois da temporada integrando a banda Suricato, Guilherme Schwab lançou dois álbuns, sempre se dividindo entre sua carreira solo e os diversos convites para gravar e/ou acompanhar, nos palcos, grandes nomes da cena nacional. Assim é a vida do multi-instrumentista, que toca todo tipo de instrumento de cordas e é um dos precursores do didgeridoo na música brasileira. Aproveitando as férias – ou seja, um intervalo entre tantos trabalhos – ele chega às plataformas digitais com um novo single, o primeiro de um álbum homônimo que será lançado pouco a pouco neste 2022.
“Respirar” é um sopro de ar em tempos difíceis. Foi composto e gravado durante a pandemia e prenuncia a chegada de uma nova era onde “o sol brilhará pra gente respirar”, como canta o músico, que compôs a faixa em parceria com o amigo e cantor campo-grandense Jonavo.
“‘Respirar’ é sobre estar vivo e olhar para o futuro de forma positiva, com fé e esperança. É sobre a importância de cuidar do planeta, respeitar a natureza e sua força implacável”, diz Schwab.
MÚSICAE CENSURA
Como esquecer que a música brasileira sofreu tantas perdas durante os tempos em que o Brasil era governado por um regime militar e toda canção era submetida a censores responsáveis por vetar palavras, expressões e até letras inteiras? A memória desses fatos é narrada por João Pimentel e Zé McGill no livro “Mordaça: Histórias de Música e Censura em Tempos Autoritários”, lançado pela editora Sonora.
Ao serem convidados para escrever sobre os 50 anos do Ato Institucional Número 5 (o AI-5) pela editora, os jornalistas e escritores decidiram que o melhor caminho seria colher relatos individuais. “Mordaça” traz histórias de músicas censuradas de Chico a BNegão (portanto, em tempos mais recentes e supostamente democráticos), passando por Gilberto Gil, Paulinho da Viola, Beth Carvalho e tantos outros, com direito a declarações de diversos artistas que viveram aquela época.
“Foram quatro anos de trabalho com meu parceiro Zé McGill e com nosso bravo editor Michel Jamel. Foi uma luta, sempre ‘a recomeçar como canções e epidemias’, como escreveu o enorme amigo Aldir Blanc, a quem o livro é dedicado. São 29 capítulos com histórias pessoais de quem viveu a Censura, de quem sofreu com tempos autoritários como este que vivemos”, conta João Pimentel.
MOACYR LUZE ROGÉRIO BATALHA
Para celebrar um encontro frutífero, dez parcerias novas e inéditas do sambista Moacyr Luz com o poeta e letrista Rogério Batalha vieram à tona no álbum “Antes que Tudo Acabe”. Moacyr e Rogério se encontraram após um show realizado por Aldir Blanc em Vista Alegre, no subúrbio carioca. Nascido no bairro, Batalha deu a Luz um livro de poesia que tinha lançado. Poesias digeridas, Moacyr mergulhou na composição de uma melodia para “Malícia” e começou a bater bola com o novo amigo. O resultado desta troca está registrado em dez faixas que ganharam vozes diversas. “Antes que tudo acabe – Músicas de Moacyr Luz e Rogério Batalha” tem canções gravadas por Alice Passos, Humberto Effe, João Cavalcanti, Marina Iris, Moyseis Marques e o próprio Moacyr Luz. Carlinhos Sete Cordas emprestou seu violão para as gravações.
2STRANGE, YAS,DENOV E O RAP
Três nomes potentes da cena trap/rap/hip hop/eletrônica de São Paulo se encontram num single que resume a inventividade do que tem se criado na cidade. Em “Dinheiro”, a dupla 2Strange (os irmãos brasileiros-americanos Dani Boy e Bobby Banks) convida a rapper YAS e o trapper Denov para refletir sobre o poder da grana na sociedade. “Eu quero que chova dinheiro o dia inteiro e faça os meus problemas desaparecerem”, diz um trecho da música, que abre com pegada sambista. O clipe, produzido por Pedro Goto, diretor de fotografia e realizador de trabalhos visuais para artistas da música eletrônica e do sertanejo, foi gravado no Centro de São Paulo, explorando os contrastes da metrópole e da mensagem. “É um encontro de almas musicais diferentes que alimenta um som único e contagiante”, resume a dupla 2Strange no material promocional.
