Um novo round da queda de braço entre titulares de direitos autorais e streamers de canais dedicados a videogames que usam músicas sem licença mostra que o universo gamer, em forte expansão, se tornou uma das principais fontes de problemas de copyright. Depois de a Twitch, plataforma de vídeos que nasceu voltada para os games, endurecer as punições contra o uso ilegal de canções nos canais dos seus usuários, atendendo às pressões da associação de editores musicais dos Estados Unidos, agora a gigante dos videogames japonesa Nintendo tem feito milhares de denúncias por inclusão irregular de músicas dos seus jogos no YouTube. Só um popular canal de videogames, o GilvaSunner, com quase 500 mil seguidores e mais de 1,5 bilhão de visualizações, recebeu de uma vez 1.500 reclamações de copyright, o que pelas regras de violação de direitos autorais da plataforma do conglomerado Google poderia levar ao seu banimento.
Se os pagamentos de execução pública pelo uso de músicas no YouTube ainda não fazem frente aos valores pagos por plataformas como Spotify e Apple Music, a política da plataforma do grupo Google de remunerar através da publicidade ganha força. Dados publicados pela Alphabet, a empresa-mãe de Google, YouTube, Waze, Blogger e vários outros pesos-pesados da internet, mostraram um crescimento de 25% nas receitas globais com publicidade no último trimestre de 2021, em comparação com o mesmo período de 2020: foram US$ 8,63 bilhões no período de três meses encerrado em dezembro passado, ou coisa de quase US$ 100 milhões por dia. No ano, foram US$ 28,84 bilhões gerados em publicidade na plataforma.
Em meio à polêmica sobre declarações antivacinas e anticiência de seu podcaster estrela, o americano Joe Rogan, o Spotify redobra sua aposta nos podcasts. A gigante sueca acredita que o formato de programetes de áudio para serem consumidos quando o ouvinte quiser terá enorme crescimento nos próximos anos, e prova disso é que acaba de comprar as start-ups Podsighs e Chartable, a primeira voltada para soluções de publicidade em podcasts, e a segunda uma fornecedora de dados e análises de audiência. O Podsights, disse a plataforma em comunicado em fevereiro, também poderá vir a ser usado para inserir anúncios publicitários em músicas e vídeos (outro formato que o Spotify pretende explorar mais).
O ano começou aquecido para a compra total de catálogos por gigantes do setor musical. A editora da Universal Music adquiriu, por mais de US$ 300 milhões, todo o cancioneiro do cantor e compositor Sting na segunda semana de fevereiro. Alguns dias antes, a Warner Music levou, por cerca de US$ 250 milhões, o catálogo completo de David Bowie. Já em dezembro, a Sony Music Group fechou um acordo com Bruce Springsteen pelo qual ele cedeu os direitos futuros sobre todas as suas criações por coisa de US$ 550 milhões, o que torna o negócio um dos maiores nesse setor. A aquisição total de catálogos é, segundo especialistas ouvidos pela Revista UBC na sua edição de maio de 2021, uma das grandes tendências do setor musical global — e não dá sinais de que perderá força tão cedo.